sábado, 4 de outubro de 2014

também eu não vou por aí - Luís Botelho


Recebida a inesperada mensagem do P.e Nuno Serras Pereira, e apesar de me encontrar fisicamente impossibilitado de participar na "caminhada pela Vida 2014", decidi escrever uma breve reflexão a propósito.

Parece-me - há muito! - completamente esgotado o caminho de "mudança por dentro" dos «quatro maiores partidos com assento na Assembleia da República», a que alude a notícia Renascença citada pelo P.e Nuno. Não se uniram eles para aprovar o aborto e o casamento gay? Ao longo da presente legislatura, apesar de disporem de maioria absoluta, não mantiveram PSD - CDS/PP a Lei do Aborto em toda a sua iníqua extensão (justamente lembrada na mensagem do Papa Francisco) herdada de Sócrates?

Que alcance pode então ter esta nova "aliança" PSD - CDS - PS - CDU em prol de uma iniciativa carente de 35.000 assinaturas, tão em final de legislatura? Não vislumbro outro além de um projecto de regresso de Isilda Pegado às listas de candidatura do PSD nas próximas legislativas. Tal possibilidade, embora eventualmente "boa" para o movimento pro-Vida, não deixa de confirmar os receios manifestados pelo Pe Nuno de termos «movimentos de defesa e promoção da vida e da família [...] “hipotecados” a partidos políticos», concretamente àqueles partidos que, na prática, mais combatem contra esta nossa Causa. Não podemos continuar a ir por aí!

Para reunir aquelas 35.000 assinaturas não se irá certamente "bater á porta" da "festa do Avante" ou apelar ao "sentimento socialista" dos militantes e simpatizantes do PS galvanizados pela recente "chicotada psicológica". Seria necessário o apoio da Renascença e da Hierarquia da Igreja. Mas nem um nem outro foram concedidos de forma "clara e inequívoca" à campanha pro-referendo que - sem o apoio de Isilda Pegado - desde 2011 persegue a fasquia (ainda maior) das 75.000 assinaturas.

Poderiam os Senhores Bispos promover o divisionismo na hoste pro-Vida, concedendo ou negando o seu apoio às diferentes iniciativas em função dos seus promotores e não dos respectivos méritos intrínsecos? Sendo certo que, no caso da iniciativa pro-referendo, embora correndo "por fora" do sistema político-partidário do arco da governação, até existe uma garantia de aprovação parlamentar fundada na palavra do actual Primeiro-Ministro. O que se pode e deve esperar dos nossos dirigentes é que ajudem a criar condições de uma grande união de todos os que verdadeiramente querem mudanças legislativas a favor da Família e da Vida, desde a concepção até à morte natural.

Tal pode simplesmente passar ou começar por sentar todos os movimentos à mesma mesa em ambiente de diálogo construtivo. Sancionar a concorrência entre iniciativas legislativas supostamente com a mesma finalidade seria, a meu ver, a pior estratégia possível, tendo presentes a exiguidade de recursos e alguma exaustão das pessoas envolvidas há tantos anos num combate tão desigual. E deitar fora as dezenas de milhar de assinaturas já recolhidas a favor de novo referendo seria algo de incompreensível, a um ano do termo desta legislatura e da promessa de Passos Coelho.

Dispersos, espera-nos a frustração e o desânimo.
Juntos, podemos lutar e ver enfim prevalecer a nobre Causa da Vida, da Família, da Justiça.

Luís Botelho