por António Gentil Martins, Médico
Li no número de Setembro da Revista da Ordem dos Médicos um artigo de opinião do Colega Rosalvo de Almeida, com o titulo "O Valor Absoluto".
Como sou um dos subscritores do documento a que faz referência, não resisto à tentação de lhe fazer algumas perguntas, aguardando com muito interesse as suas respostas.
1) Quando pensa o Dr Rosalvo de Almeida que teve início a sua própria vida ? Não terá sido na junção do que, displicentemente, chama óvulo e espermatozóide, da sua mãe e do seu Pai ?
2) Excluindo conceitos religiosos ( que anatematiza ), políticos, filosóficos ou quaisquer outros, qual a sua dúvida científica sobre o começo da vida, desde que surgiu a FIV (fertilização in vitro), nascendo depois uma criança como qualquer outra ?
3) Acha, ou não, que a vida é um todo continuo ( o que nunca vimos, até hoje, biologicamente, ninguém contestar ) ?
4) Terá reparado, ou não, que as leis de interrupção da gravidez, variam de tempo de País para País, o que demonstra não haver qualquer fundamentação científica nessa decisão?
5) Que significado atribui realmente ao Direito à Vida consagrado na Declaração Universal dos Direitos do Homem e na Constituição da República Portuguesa ? Não será o seu respeito, desde o início até á morte natural?
5) Entende o direito à autonomia e autodeterminação como superior ao direito e valor da vida ? Concorda então com o suicídio ?
6) Porque confunde a autonomia que permite recusar uma terapêutica, com a reprovável obstinação terapêutica ?
7) Concorda ou não com a Eutanásia ?
8) Concorda ou não com a pena de morte ?
9) Seria interessante saber se o Dr. Rosalvo de Almeida fez ou não o "Juramento de Hipócrates", no fim do seu Curso de Medicina ? Será que acredita nos seus princípios ?
Pessoalmente acreditamos no valor da vida desde o seu início até à morte natural: por isso tenho interesse em saber, isentamente, sem manipulações ou argumentações capciosas, o que os Portugueses pensam.
Para já, como disse, gostaria de conhecer as respostas do Dr. Rosalvo de Almeida, já que se candidata a integrar um movimento cívico que se oponha ao movimento cívico que deseja o Referendo (certamente teremos conceitos diferentes do que é uma verdadeira democracia ….)
* publicado no boletim da Ordem dos Médicos