Confesso que estava preparado para
amanhã participar, como costumo todos os anos, na Caminhada
pela Vida. Mas ontem deparei com uma
notícia
que me cheira a esturro,[1]
se não mesmo a enxofre, a qual me deixa preocupado.
O motivo da preocupação não está nas
declarações que ali são transcritas de Isilda Pegado, mas sim
em duas coisas, a saber:
1- O texto da proposta do projecto-lei
ou da iniciativa legislativa não é conhecido a não ser pelos
organizadores. Motivo para desconfiança da sua bondade não
consiste somente no “secretismo” do mesmo, mas também no
estranho apoio, que segunda a notícia lhe é prestado por
representantes de partidos ferranhamente abortófilos.
2 – Aqueles que serão incitados a
assinar e a angariar subscrições, poderão ler na sua
totalidade essa proposta de modo a ajuizá-la cuidadosamente
antes de a subscrever?
3 – Caso isso se venha a verificar, o
que é o mínimo que se pode exigir, o facto da Caminhada,
encorajada pelo Papa Francisco, terminar com essa apresentação
que animará as pessoas a ela aderir não irá passar a mensagem,
em particular para a comunicação social, que toda aquela gente
sabia ao que ia isto é, apoiava essa iniciativa.
4 – Sempre pensei que nem a federação
portuguesa pela vida, nem os outros movimentos de defesa e
promoção da vida e da família, nas suas actividades, devessem
estar “hipotecados” a partidos políticos. Há quem não pense
assim e, parece-me, que ao longo do tempo essas “ligações” se
têm vindo a tornar cada vez mais intensas.
Em resumo, uma vez que não vejo estas
coisas esclarecidas, com muita pena minha, não irei amanhã à
Caminhada pela Vida, pois ela não se me afigura já como aquela
que sempre conheci.
Sugiro ainda que ninguém adira ou
subscreva a tal iniciativa legislativa, sem a ler pausadamente
na sua totalidade e, caso tenha dúvidas procure esclarecê-las
com alguém conhecedor profundo destas coisas.
Nuno Serras Pereira
03. 10. 2014
[1] http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=27&did=163991