sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Carta ao irmão que não nasceu

Meu querido irmão:
Hoje, enquanto olhava alegremente nos olhos do meu filhinho, interroguei-me como é possível que alguém possa fazer mal a uma criatura inocente como esta que não se pode defender, e chorei por todos aqueles bebés que foram abortados, e não tiveram a sorte que o meu filho teve de poder nascer e ser embalado nos braços de uma mãe que o esperou com amor.
Embora não tivesse tido a sorte de te conhecer nesta terra, amo-te muito meu irmão, pois através dos olhos da alma eu vejo-te. Sei que, se tivesses nascido, terias o cabelo preto do nosso pai e os olhos vivos e alegres da nossa mãe; talvez até se fosses um pouco parecido comigo!. Nesta carta, que se Deus quiser, os anjos te farão chegar, quero-te pedir que perdoes à nossa mãe por não ter te permitido nascer. Ela não sabia o que fazia quando foi àquela maldita "clínica", onde um médico sem escrúpulos, esse sim, sabia que abortar é matar, destroçou com o bisturi o teu corpinho que mal começava a formar-se, e com ele destruiu também o plano de Deus para ti. A nossa mãe, pobrezinha, não soube o que tinha feito até muitos anos depois.
Num triste dia ambas contemplámos horrorizadas a realidade do aborto homicida reflectida em algumas fotos, verdadeiras provas de que o aborto é um crime. Que dor tão grande sentimos, querido irmão, ao ver aquelas fotos pela primeira vez e comprovar como deve ter ficado teu corpinho depois do aborto que te tirou a vida. Embora passados já vários anos, a nossa querida mãe não pode esquecer! Irmãozinho, ela ainda sonha contigo, sobre como serias, e eu às vezes, quando nos reunimos todos os irmãos na mesa familiar com nossos pais, sinto no meu coração a tua ausência que faz com que o grupo esteja incompleto e pergunto-me como seria ter-te aqui connosco.
Lá no céu, onde sei que graças à misericórdia de Deus tu estás, rogo a Ele que te envie meus pensamentos, e peço-te perdão em nome da nossa mãe, a quem a imensa dor do arrependimento e o peso que levou na sua consciência pela tua morte, não a deixam expressar em palavras o que deveras sente. Roga a Deus por ela, pois embora saiba que Ele lhe perdoou, porque ela não sabia o que fazia, ainda se lembra e pensa no muito que te teria amado, se tivesses nascido. Pede a Ele por outras mulheres, para que não caiam no mesmo erro que a nossa mãe, por falta de conhecimentos. Da minha parte, prometo que ainda que não te tenha podido salvar do aborto, outras crianças serão salvas pelo meu esforço, pois trabalharei para levar às suas mães a mensagem que a nossa não recebeu.
O amor e lembrança, da tua irmã que espera, com a ajuda de Deus, encontrar-se contigo algum dia na eternidade...
(omitimos nome da autora)