terça-feira, 19 de março de 2013

Que fizeste [pro REFERENDO Vida]? A voz do sangue do teu irmão clama da terra até Mim (Gn 4:10) - o tempo esgota-se!

Caros amigos,

      Paz e Bem a todos vós!

      Avisaram-nos que nos seria cortado uma vez mais, talvez definitivamente, o acesso ao email se continuarmos* a espalhar a nossa voz por essa via. Esta pode, por conseguinte, ser a última mensagem a chegar-vos da nossa parte - quem tiver olhos leia, quem tiver ouvidos ouça, quem tiver coração que se levante.
     Como é sabido, a comunicação social poucas vezes nos deixa falar do espírito que nos anima, da nossa acção, dar as razões da nossa persistência na defesa dos mais esquecidos e invisíveis de todos os pobres, dos abandonados na mais remota periferia do nosso coração, dos mais invisíveis, silenciosos e silenciados da comunidade humana, dos mais fracos de todos - e por isso mesmo talvez os mais afectuosamente contemplados pelo olhar misericordioso de Deus sobre o homem de hoje, os primeiros credores do nosso humilde pedido de perdão, o primeiro abraço de reconciliação que se nos oferece na caridade mútua, a porta estreita mas aberta para todos os que buscam Deus e a Sua Paz.
     Por conseguinte, a nossa comunicação poderá em breve deixar de vos chegar por email, pelo que pedimos - e muito agradecemos - a vossa paciência, compreensão e a melhor atenção na leitura desta mensagem por inteiro.

Para que queremos nós ter voz? O que queremos afirmar?
      Hoje, como já em Agosto de 2009, em pleno programa "prós-e-contras", afirmávamos a mesma ideia que haveriamos de repetir na "carta-aberta" ao Sr Primeiro-Ministro em Outubro de 2011: «Enquanto matarmos os nossos filhos no ventre de suas mães, como uma maldição, tudo o que tentarmos construir ruirá! Todas as medidas para escapar à crise falharão!» E isto que repetidamente afirmamos não é desejo nem profecia - é constatação de uma verdade histórica: nenhum reino se sustenta pela injustiça; nenhum regime prevalece esmagando a liberdade e dignidade do homem. Só defendendo os valores humanos essenciais, pode uma sociedade viver em Paz e aspirar ao desenvolvimento.

      Em Portugal e na Europa, aprofundou-se nos últimos anos uma deriva civilizacional que, insinuando pretender levar às últimas consequências valores positivos - se correctamente entendidos - como os da igualdade, tolerância e liberdade pessoal, acabou por esmagar os mais elementares direitos humanos universais de terceiros, de seres humanos iguais em dignidade e em direitos aos que com notável ruído mediático reivindicam interesses próprios, individuais ou quando muito de pequenos grupos. Por isso se torna tão importante, para os grupos pro-vida e pro-família, erguer uma voz que defenda e afirme direitos universais, concretizados em pessoas e grupos mais frágeis e sem voz como são os bebés por nascer, os mais idosos e doentes - pela sociedade considerados e tratados já como inúteis ou dispensáveis. Enfim, uma voz por todos os impiedosamente silenciados e explorados. Não surpreendem, pois, as sucessivas tentativas para nos reduzirem ao silêncio, seja pela desigualdade de tratamento informativo (TV, rádio, etc.) das nossas iniciativas - como se o pluralismo pudesse ser suspenso quando se trata da mensagem pro-Vida e pro-Familia - pela ameaça de coimas exorbitantes (375.000€!!!), pela suspensão do acesso ao email, ao facebook, à internet, etc.

     Como se pode compreender que, embora diariamente bombardeados por mil banalidades na televisão, jamais nos tenha sido concedida pela RTP (estação dita de "serviço público") - ou por outros canais televisivos  - uma oportunidade de explicar as motivações e objectivos que nos levam a promover o primeiro "referendo nacional de iniciativa popular" que finalmente dê a voz ao povo sobre a grande questão do estatuto legal da vida humana em Portugal? Para nós, não se trata de levar a Lei a condenar quem quer que seja, homens ou mulheres. Se as pessoas entenderem que deve passar a ser legalmente despenalizado o derramamento de sangue alheio, aceitarão as consequências de tal escolha. Se os cidadãos entenderem que há melhor forma do que a prisão para penalizar os seus criminosos, não seremos nós a estabelecer em que sentido se deverá operar um tal "progresso civilizacional". O que não podemos aceitar é que se tratem seres humanos como coisas descartáveis, só porque lhes faltam uns dias para completar 10 semanas de gestação... ou porque já não conseguem trabalhar e produzir como antes.

De que modo queremos falar? Em que linguagem nos queremos entender?
      Queremos falar abertamente do que nos enche o coração, abrir um debate em que participem igualmente os que não pensam como nós. Acreditamos que também nesses se pode acender aquela chama de Esperança que - até agora - se têm recusado a ver em toda e qualquer Vida humana, no seu início ou no seu termo. Acreditamos sobretudo no recto julgamento do povo perante um debate franco e leal em que, ao contrário do que tem sucedido, nos sejam reconhecidas iguais condições de intervenção que aos representantes da «cultura de morte» - mesmo em canais como a Rádio Renascença. Servido de uma informação completa e verdadeira, não temos dúvida de que o povo português, com o seu julgamento alicerçado em multi-seculares critérios de matriz cristã, responderá enfim ao chamamento a referendo e saberá tomar a posição mais justa, na melhor tradição humanista e universalista com que ganhou justo reconhecimento e uma posição ímpar na história universal.

     Com «caridade na Verdade» queremos nós continuar a intervir de rosto descoberto nos areópagos do nosso tempo. Não nos dirigimos apenas - ou especialmente - aos que já pensam e sentem como nós, mas a todos os "homens [e mulheres] de boa-vontade". Ainda recentemente lançámos um concurso de vídeos pro Videa**, com o objectivo de estimular os criadores desta área da arte e da cultura a actualizar e reinventar a boa-nova do amor pela Vida, a mensagem da "cultura da Vida", usando o léxico sempre mais rico da linguagem audio-visual. Até 10 de Abril, aguardaremos a entrega das obras que o Espírito não deixará de inspirar numa comunidade criativa que, como poucas, encontra ressonância no tempo presente e via aberta nas auto-estradas da informação.

     Estamos igualmente apostados em não deixar passar a oportunidade das "eleições autárquicas" para levar a Causa pro-Vida à agenda e à discussão do nosso futuro comum - também ao nível local, onde se joga parte tão importante das nossas vidas pessoais e familiares. Para isso convidamos todas as pessoas que se identifiquem com a Causa da Vida a conhecer o «compromisso autárquico pro-Vida» e manifestar a sua disponibilidade para dar a cara pela Causa na sua freguesia ou município, entre os seus mais próximos.


Que caminho propomos? Para que meta correremos?
      Para um cristão "o caminho, a Verdade e a Vida" são o próprio Cristo. Para os não-cristãos e até para os não-crentes cuja presença nas fileiras desta Causa muito nos honra, o caminho poderá ser o de uma ecologia humana, de uma ética humanista centrada no próprio Homem e em harmonia com a natureza. O nosso é o caminho do Homem todo e de todos os homens. O caminho do bem comum das criaturas, a começar pelas criaturas humanas - por todas! - em qualquer fase do seu percurso terreno, qualquer que seja o seu estado de vigor pessoal ou social. A nossa meta há-de ser o reconhecimento pela sociedade de que o único avanço colectivo, real e possível, será aquele que não deixar ficar ninguém definitiva e irremediavelmente para trás. Só um tal avanço será verdadeiro, perene e belo. E ainda que nos seja difícil identificar hoje com exactidão todos os traços desse «caminho novo», mais fácil nos será porventura perceber os obstáculos, abismos, escolhos, sinaléticas enganadoras e desvios no caminho velho que temos de rejeitar. Valha-nos, enfim, a experiência concreta de alguns passos errados que, para nosso mal e com dolorosos frutos, já demos.

     Este «caminho novo» tem os seus pioneiros - todos aqueles que se têm juntado à Causa, ao longo da jornada e já vão engrossando cada vez mais as fileiras. Destes pioneiros, a quem esta mensagem especialmente se dirige, espera-se uma Persistência, Alegria e Coragem superiores ao comum. Se vemos trabalhar convicta e militantemente muitos que defendem causas como a dos animais irracionais*** ou das plantas - sem a transcendência da nossa, embora todas respeitáveis - não lhes podemos ficar atrás, nós os que defendemos a mãe de todas as causas: a Causa de todas as Mães, de todas as famílias, de todos os seres humanos. Por tudo isto, passado mais de um ano e meio desde que em 15 de Agosto de 2011 começámos a reunir assinaturas para o primeiro grande Referendo Nacional de Iniciativa Popular, é chegado o momento de chamar todos e cada um de nós à sua responsabilidade diante dos seus concidadãos e até diante de Deus.

      Todos nós, começando pelos primeiros subscritores, Prof. Daniel Serrão e Prof. Gentil Martins, pela Comissão Nacional pro-Referendo Vida, por todos e cada um dos mandatários identificados nas folhas de assinaturas que continuamos a distribuir, pelos participantes das «jornadas mundiais da juventude» de Madrid-2011, a quem dirigimos um veemente apelo pouco escutado (mas que renovaremos para as jornadas no Rio de Janeiro, agora em 2013), por todos aqueles que nos diferentes lugares e níveis da responsabilidade, em diversas entidades, movimentos e igrejas,  todos nós - cada um por sua vez - havemos de responder um dia à questão: "Que fizeste?".

     Vamos, por nossa grave e condenável omissão, deixar caducar a promessa do actual Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho, seja por demissão abrupta ou por conclusão normal da legislatura? Não. Bem ao contrário, daremos solidariamente as mãos, unidos num só espírito de Vida partilhada, para que tal promessa se cumpra diante das 75.000 assinaturas que, se Deus quiser e todos empenhadamente trabalharmos por isso, havemos de entregar em breve na Assembleia da República, como primeiro passo redentor e fundador de um «caminho novo» para Portugal, para nós e para os nossos filhos!...

Comissão Nacional pro Referendo-Vida
Guimarães, 19 de Março de 2013


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A todos os pais portugueses, incluindo algumas mães que infelizmente têm de fazer de mãe e de pai...
... feliz dia de S. José, feliz dia do Pai no qual também a Igreja Católica recebe o seu novo pai terreno - porque, de um modo especialmente terno e familiar, Papa quer dizer pai, simplesmente. Este "pai nosso" na terra com quem pedimos ao "Pai nosso" do Céu a Vida, a Paz-Justiça e o Pão, por meio de quem oferecemos simples pão e simples vinho, em memória do Corpo e Sangue que Cristo ofereceu também por amor dos homens, nascidos e por nascer, desde a concepção até à morte natural - o que nos mostra como também a nossa vida pós-parto não é senão e também gestação, preparação para - cumprido o tempo - sermos um dia, verdadeira e definitivamente "dados à Luz".


* sem que o contrato nada diga em sentido contrário


** http://cinemaemultimedia.ulusofona.pt/index.php/noticias/festivais/359-concurso-pro-videa
http://daconcepcaoamortenatural.blogspot.pt/2013/02/concurso-pro-videa.html


*** 70257 assinaturas recolhidas em poucas semanas...